"Esse sol tão lindo, gostoso de se ver, essa vida boa correndo pelas mãos"

"Olho para o céu, tantas estrelas na imensidão do universo em nós"

"Vesti o melhor sorriso..."

"Cogito, ergo sum"

Postado por Cicero Diego Monteiro Machado | quarta-feira, 30 de novembro de 2011 | 1 comentários






Decidi fechar a porta, passei a chave, fechei as janelas, apaguei a luz e li numa placa “Bem Vindo ao seu mundo!”. Fiquei só, apenas eu e Eu mesmo, naquele lugar de aconchego e descanso, seria mesmo? Ao deitar na cama de lençol bem disposto e travesseiros ali na cabeceira ,realizei aquele ritual de olhar para a cama e dispor toda minha estrutura corpórea, pronto para participar daquele momento intimista, tendo como cenário o quarto, não apenas o referencial do repouso, até porque o ato de repousa é metafísico (vai além dos nossos sentidos) está relacionado com a ataraxia da alma e não apenas do corpo.
Então... pensei nas noites insones em que muitas vezes o travesseiro foi uma segurança com seu silêncio mórbido ouvindo os meus lamentos, recolhendo meus cochilos rápidos, confidenciando meus sonhos (realizáveis e irrealizáveis), ou ainda, recebendo em primeira mão meus ideais de antes ou depois das realizações, respirações ora de alívio, ora ofegantes...
Os lençóis e cobertores, não apenas para proteger do vento frio do ventilador ou dor ar e até mesmo da brisa que entra pela janela, mas se tranforma num “manto sagrado” participando com muita propriedade das tensões/ tranquilidade daquela “velha carcaça”, “cárcere da alma” como falaram os filosófos da Grécia Antiga.
A cama, assim como o corpo é debruçado sobre a terra após seu último suspiro, ela nos recebe com todas as nossas cargas emocionais e físicas. Nos espera em seu silêncio, disponível a nos servir a qualquer hora que chegarmos, não podendo dizer nada mais que sua realidade de cama permite expressar perpetuamente: senta... deita... descansa...
As janelas, o nosso olhar para o mundo e do mundo para nós, palco de apresentação da sinfonia dos pardais, local no qual o olhar ultrapassa os limites do pensamento humano, assim como ser cartão de apresentação também pode siginificar “com licença, vou entrar!”...
Mas é no guarda roupa que se encontra uma parcela do ontem, hoje e amanhã, é dele que surgem os artifícios que identificam a minha presença no mundo, a roupa que irei usar no Samba, na Missa, no Trabalho e até mesmo em casa. “Com que roupa eu vou?”. As camisas (me lembram cheiros, odores, fatos..), os sapatos (os caminhos de idas e vindas, chegadas... partidas..), as roupas de cama trocadas( traz um ar de renovação, de cheiro bom, recomeço...) e toda aquela arrumação me remete a um exame de consciência de vida profundo de cada ato, de cada fato, de cada dia vivido...
Acendi a luz , me olhei no espelho, liguei o som  e ouvi a minha cantora favorita, abri a janela senti o vento, olhei tudo ao redor e disse: “Hora de recomeçar... depois dessa porta está o mundo dos homens, deixo aqui o meu mundo por uns instantes...
 Até mais lugar da centralidade, alegrias, sons, oração, do Encontro...”

Forte abraço:
Diego Monteiro

One Response so far.

  1. O texto pra mim:

    "é no guarda roupa que se encontra uma parcela do ontem, hoje e amanhã, é dele que surgem os artifícios que identificam a minha presença no mundo, a roupa que irei usar no Samba, na Missa, no Trabalho e até mesmo em casa. “Com que roupa eu vou?”. As camisas (me lembram cheiros, odores, fatos..), os sapatos (os caminhos de idas e vindas, chegadas... partidas..), as roupas de cama trocadas( traz um ar de renovação, de cheiro bom, recomeço...) e toda aquela arrumação me remete a um exame de consciência de vida profundo de cada ato, de cada fato, de cada dia vivido..."

    Muito bom!!!!!!!!

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