"Esse sol tão lindo, gostoso de se ver, essa vida boa correndo pelas mãos"

"Olho para o céu, tantas estrelas na imensidão do universo em nós"

"Vesti o melhor sorriso..."

"Cogito, ergo sum"

Postado por Cicero Diego Monteiro Machado | quarta-feira, 28 de setembro de 2011 | 2 comentários




“Nóis é do interior, mas não é besta não!” essa simples expressão ecoa no meu coração de uma forma muito linda, , refletindo sobre a “Origem do Povo Brasileiro.” Claro que alguns dias tecendo um pensamento sobre a antropologia do brasileiro, surgiu em mim um questionamento sobre a originalidade dos costumes, cultura, raça, religião, tipo assim o que é mesmo “MADE IN BRASIL?” no meio de tanta mistura que traz riqueza ao que chamamos de Brasil!? E o professor depois de minha exposição sobre essa pergunta me disse que era muito difícil responder minha pergunta assim de forma tão acertada no quesito originalidade, era a mesma coisa se eu fosse perguntado “Quem é Diego?”, refletir mais ainda...
Logo a primeira resposta é “Eu venho lá do sertão...” ou “Eu vim de lá do interior...” De uma terra de fama de gente forte para sobreviver às intempéries do tempo: temperaturas máximas de 40°, das escassas chuvas, distância da capital e do mar, e que durante algum tempo atrás passava longe de certas violências, drogas, prostituição- o que dizem ser traços do progresso- Por mais que seja sofrido e atrasado para uns, é o nosso lugar, nossa terra, nosso chão, e que quando estamos longe sentimos uma saudade enorme que basta ouvirmos algo sobre ela nos emociona “Nas margens do São Francisco nasceu a beleza ,e a natureza um dia conservou, Jesus abençoou com sua mão divina, pra não morrer de saudade vou voltar pra Petrolina....” isso pra mim é um hino.Lembro da Petrolina não aquela que todo mundo conhece de imponente Catedral feita de pedras, terra de Geraldo Azevedo, do Bodódromo, das Ilhas, isso é belo, lindo e vale a pena conhecer, mas da Minha Petrolina com as peculiaridades de Diego Monteiro, “pelas ruas onde andei..”
No sertão quando morre alguém querido não se celebra apenas o 7º dia não, vai-se depois de 30 dias à visita de cova “é pra saber como estão as instalações nova do defunto?”, não é que o sentimento de saudade é tão grande que todas as vezes que se passa pelo cemitério se diz “dexa eu visitar fulano de tal aqui, ou à cova de fulano de tal.” Outro aspecto é a vizinhança do sertão, lembra muito os primeiros cristãos “os cristãos tinham tudo em comum, dividiam seus bens com alegria...” bate-se na casa da vizinha “uma xícara de açúcar, de café, 1 kg de arroz ou de feijão...”
Ambiente marcado pela religiosidade forte e porque não dizer um pouco inocente, até São José vira protótipo de agricultor e meteorologista, é porque se no dia 19 de março cair chuva no chão seco é sinal de muita fartura, a fé algo que deve ser respeitadíssimo “Esse menino bota uma intenção para as almas vaqueiras, sabidas, entendidas, do purgatório, 13 almas santas (detalhe até hoje não se sabe quem são essas 13 almas!)”, “Valei-me minha alma santa do Pe. Cícero” é o grande nome da fé do sertão, o padre tem tanto afilhado que é sinal de que é um “padim”exemplar.; e os conselhos de Frei Damião valem até mais que os 10 mandamentos da Lei de Deus.; Nossa Senhora essa nem fale ,o carinho pela mãe é muito grande “Valei-me meu padinho Ciço e Mãe de Deus das Candeias..”
Há comportamentos que pelo que sei só ocorrem no sertão, “desde que me entendi de gente” se falava numas botijas (recipientes onde se guardavam coisas valiosas.) as quais eram enterradas nas casas como símbolo de riqueza, porém se alguém fosse desenterrá-la com usura aquelas riquezas se transformariam em coisas sem valor.
“Nosso céu tem mais estrelas...” sim o céu do sertão tem mais estrelas, pois lá se encontra tempo de olhar as estrelas, senta-se na calçada com a cadeira de balanço para saudar quem passa na rua e porque não para falar um pouco da vida alheia “espia só” “Quem é? Filho de quem? E é?” e mesmo em pleno século XXI a lua é esperada como a grande atração da noite, ela que ilumina o coração, os olhos dos casais apaixonados. Não posso esquecer os riachos que enchem não apenas as valas escavadas pelo chão, mas os olhos das crianças e dos jovens “quando chego no riacho...”
Tem frutas do sertão que na há damasco ou pêssego em calda que derrube como o umbu, dele vem à umbuzada; banquete que scargot e lagosta viram “Ets” gastronomicamente falando, dão lugar ao “requintado” bode assado ou galinha de capoeira. Plantas como Jurema, Xique-Xique, Caroá se tornam destaque no Reino Vegetal
Entretanto sei que no interior e principalmente no meu sertão muita coisa que foi relatada aqui neste texto mudou, mas há ainda lugares por este nordeste de meu Deus que guardam ainda essas tradições, porém o intuito é mostrar que nunca devemos deixar de lado as nossas origens, pois são elas que fazem ser o que somos independentes se continuarmos lá ou se formos para os grandes centros, porque a essência da vida está naquilo que somos como somos de nosso jeito.
Forte abraço e inté mais:
Diego Monteiro

2 Responses so far.

  1. Cícero Diego,
    A pergunta que abre o texto, realmente, é muito difícil... Até que fiquei aqui pensando. Deixa eu ser um pouco sintético (para não dizer "fujão"): A originalidade, ou algo que tem o maior grau de genuinidade brasileira é de ser plural, "café com leite", arroz com feijão, de todas as cores, aberturas de olhos, sotaques... As matrizes fortes que nos formam enquanto povo (recomendo Darcy Ribeiro, se o professor não o fez), deixaram marcas e as suas misturas são a nossa originalidade. Você fez muito bem em correr da pergunta, como eu...

    Acho bonito o seu parecer do sertão...

    O melhor lugar do mundo é o nosso lugar. E isso você expressou com leveza e realidade.

    Todos nós fazemos "cãnticos de libertação".
    Todos nós fazemos "Salmos".
    Todos nós compomos "Canções do Exílio".

    Essa é sua!!!

    Abração,

    Flávio Porto
    http://fsporto.blogspot.com

  2. Concordo Diego, não podemos esquecer das nossas origens, da nossa raiz (Salve minha Uauá amada, "Uauá, Uauá vc não sai do meu coração..."). Nossa cultura é nossa identidade, devemos ter orgulho dela mesmo diante de uma sociedade massificante que tende a supervalorizar o urbano, o que vem do Rio-São Paulo... e não vê que o Brasil é muuuuito mais que samba, copacabana e paulistano. Somos mmuuuuuuittto mais que isso. Temos muitas belezas, muito mais do que pensamos, por esse Brasil afora. E nós do sertão nordestino podemos e devemos ter muito orgulho do que somos e de nossa origem. E bater no peito pra quem quiser ouvir: "Eu vim de lá do interior", sim! Graças a Deus!!!

    Valeu Diegão


    Mirrail

Leave a Reply